Livros de Literatura e História do Amapá

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

BIOGRAFIA E OBRA DE ARACY MONT'ALVERNE

Professora: Dalvaci Martins
Disciplina: Prática da Tradução I
Acadêmicas: Edna Bueno, Joana da Paz, Mackelle Araújo, Silliane da Silva

Felicidade
Feliz idade
Fel e cidade
Feliz cidade
De Macapá
Joseli Dias

Aracy Mont’Alverne nasceu dia 13 de fevereiro de 1913, no municio de Colares, Estado do Pará. Formou-se professora normalista no Instituto de Educação de Belém, em 1933.
Em 1942, já casada com José Jucá de Mont’Alverne, foi convidada pelo governador Janary Nunes para trabalhar em Macapá, onde exerceu o magistério até o ano de 1969, quando se aposentou.
Foi a primeira mulher a exercer o cargo de Secretária de Educação do antigo Território. Também exerceu cargos importantes na Delegacia do MEC, como coordenadora regional da merenda escolar e representante da FAE.
Em 1986 o Governo do Amapá publicou seu primeiro livro de poemas, Luzes da Madrugada. Em 1995 a professora Aracy ingressou na Associação Amapaense – APES e recebeu uma homenagem especial da primeira turma do curso de Letras da UNIFAP.
Seu belo poema Passeio pelos Ministérios da Amazônia foi leitura obrigatória de vestibular. O reconhecimento de sua obra por parte dos leitores faz do seu nome um dos mais importantes da classe literária amapaense.







Senzala
Aracy Mont’Alverne

Que vozes estranhas
Que estranhos cantares,
Cantigas dolentes
Mostrando sofrer!
São mãos que trabalham,
São braços que lutam
E não tem abraços na rude labuta
Para oferecer!
Que estranhos gemidos,
Suspiros profundos
Demonstram pesares
Que inspiram saudades
De longe, de alguém...
Ou mesmo um sorriso
Que ficou distante
Através dos mares
De além... muito além...

Que vozes estranhas,
Que estranhos soluços na escura senzala!
É voz do chicote,
Do açoite cruel,
Marcando na pele de ébano puro
O sulco profundo no escravo fiel,
Que estampa no rosto,
Sereno e sofrido,
A marca da lágrima
Que há muito secou!
E no olhar voltado para a imensidão
Espera a certeza que o céu confirmou
Aurora feliz da libertação !

Senzala¹ (L’habitation des esclaves)
Original: Aracy de Mont’Alverne
Tradução: Edna Bueno, Joana da Paz Silva, Mackelle Araújo, Sillianne da Silva.

Quelles voix étranges
Quels étranges chants,
Chansons dolentes
Montrant souffrir !
Ce sont des mains qui travaillent,
Ce sont des bras qui luttent
Et n’a pas d’embrassements dans le rude travail
Pour offrir !
Quels étranges gemissements,
Soupirs profonds
Démonstrent pesers
Qui inspirent nostalgies
De loin, de quelqu’un...
Ou même un sourire
Qui a resté éloigné
A travers des mers
Au dèla... trop au dèla...

Quelles voix étranges,
Quels étranges sanglots dans la ‘senzala’ obscures !
C’est la voix du fouet,
Du fouet cruel,
Marquant dans la peau d’ebéne pur
Le sillon profond dans l’eclave fidèle,
Quelle estampe sur le visage,
Serein et enduré,
La marque de la larme,
Laquelle y a longtemps séchée !
Et dans le regard tourné vers l’immensité
Attend la certitude que le ciel a confirmée
L’aurore heureuse de la liberté !


ANÁLISE DO POEMA TEXTO SENZALA

De acordo com os estudos de Massaud Moisés (2005) um poema texto deve ser analisado em sua essência, na busca do “eu” por meio de metáforas.
O poema “Senzala” de Aracy de Mont’Alverne, (1997), é composto de trinta versos dividido em duas estrofes, sendo que a primeira está disposta em dezessete versos e a segunda em treze. Vemos que nesta obra Aracy, relata com grande destreza e realidade o triste cantar dos escravos que são obrigados a trabalhar sem cessar e sem agradecimento como podemos observar nos versos: Que vozes estranhas/ Que estranhos cantares, / Cantigas dolentes/ Mostrando sofrer! / São mãos que trabalham, / São braços que lutam/ E não tem abraços na rude labuta/ Para oferecer!.
Nestas cantigas os escravos lamentam a distancia de sua terra natal e até mesmo dos que lá ficaram como estão explícitos neste trecho: Que estranhos gemidos,/Suspiros profundos/Demonstram pesares/(...)/De além... muito além.... Vemos ainda que são maltratados pelo seu senhor, mas que, apesar do sofrimento, esperam serenamente pela liberdade que viria mais tarde, como: (...)/E no olhar voltado para a imensidão/espera a certeza que o céu confirmou/a aurora da libertação. A poetisa nos remete ao tempo da escravidão, é como se vivenciássemos os sofrimentos e as angústias desse povo tão sofrido.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FERNANDES, Francisco, LUFT, Celso Pedro, GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário brasileiro Globo. 40 ed. São Paulo, Globo, 1995.
FLORENZANO, Everton. Dicionário EDIOURO francês/português português/francês. 18ª Edição, Ediouro publicações S.A.
LARANJEIRA, Mário. Poética da tradução: do sentido à significância. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 1993 – ( Criação e críica; V, 12).
MONT’ALVERNE, Aracy de Arquivo do Coração. Editora Tarso - Macapá,1997.
RIOS, Dermival Ribeiro. Mini dicionário escolar da língua portuguesa. São Paulo, DCL, 2005.
www.aquaforum.com.br/forum/viewtopic.php
http://www.necamachado.blogspot.com
salveamazonia.sites.uol.com.br/amazon
www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz27.htm

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